Redemocratização do Brasil: 40 anos após duas ditaduras
O Brasil completou, neste mês, 40 anos desde a redemocratização em 1985, após vivenciar dois períodos ditatoriais no século XX. O primeiro, liderado por Getúlio Vargas (1937-1945), conhecido como Estado Novo, centralizou o poder no Executivo, dissolveu o Congresso e outorgou uma Constituição inspirada em regimes fascistas. O texto constitucional proibiu partidos políticos, cancelou eleições presidenciais e criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável pela censura à imprensa e à cultura. O regime terminou em 1945, com a deposição de Vargas por um movimento militar.
O segundo período autoritário foi a ditadura militar, iniciada em 1º de abril de 1964, após um golpe que derrubou o presidente João Goulart, acusado de promover agendas comunistas e ameaçar a ordem pública. Durante 21 anos, os militares governaram o país, alternando a presidência entre si por meio de eleições indiretas. O regime foi marcado por repressão, censura e violência, com a suspensão de direitos civis e a perseguição a opositores. O Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 1968, simbolizou o auge da repressão, ao permitir ao presidente fechar o Congresso, cassar mandatos e suspender direitos políticos.
Nos anos 1980, o movimento pela redemocratização ganhou força, destacando-se a campanha das "Diretas Já", iniciada em 1983. Milhões de pessoas participaram de comícios e marchas em todo o país, exigindo eleições diretas para presidente. Liderada por figuras como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Leonel Brizola, a campanha pressionou o governo, mas não obteve sucesso imediato.
Em 1985, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves como presidente, marcando o fim da ditadura militar. No entanto, sua morte antes da posse levou à ascensão do vice, José Sarney. A redemocratização foi consolidada com a promulgação da Constituição de 1988, que estabeleceu os princípios democráticos e garantiu direitos fundamentais aos cidadãos, encerrando um longo ciclo autoritário na história do Brasil.
Texto Por: João Victor Rodrigues
Supervisão: Flávia Oshiro